Encontro de Formação: Avaliando com o Moodle: questionários, rubricas e coavaliação
Encontro realizado no dia 8 de abril foi marcado pelo relato de experiências de avaliação com a plataforma Moodle

Por: Tatiana Maria de Paula Silva  e Antonio Abello Rovai | 9 de abril de 2015.

O segundo encontro do ciclo de formação compartilhada, promovido pela equipe de Tecnologia Educacional do Colégio Miguel de Cervantes, propôs uma discussão sobre as contribuições da tecnologia para um dos aspectos mais complexos e polêmicos do ensino e da aprendizagem: a avaliação. “Herdamos do senso comum e das práticas mais convencionais da educação a ideia de avaliação apenas como aferição de resultados. Se avaliamos somente o resultado, ao final do processo, perdemos a chance de intervir antes e de operar mudanças que favoreçam a aprendizagem dos alunos e permitam corrigir os rumos da nossa atuação como professores”, disse o professor Antonio Abello Rovai, procurando chamar a atenção para o esquecimento de outras funções da avaliação, como a diagnóstica e a formativa ou processual. “Todas as dimensões da avaliação são importantes, o vício consiste em privilegiar uma delas e negligenciar as demais. A concepção de avaliação que se reduz somente à verificação de resultados corresponde a uma ideia de educação centrada nos produtos, não nos processos, mais quantitativa do que qualitativa, que, por sua vez, baseia-se numa visão de educação como transmissão linear e unidirecional de conhecimentos”, conclui o professor Antonio.


Fotos: Silvio Luiz Canella

Avaliação somativa

Destacando as vantagens dos recursos tecnológicos, a professora Cláudia Galván demonstrou como construir uma avaliação de múltipla escolha no Moodle e apresentou um modelo frequentemente utilizado por ela nas aulas de espanhol, com o objetivo de mensurar a aprendizagem de seus alunos do 4º ciclo. Na sequência, Karyna Ribeiro, professora de Inglês do 1º ciclo, apresentou o modelo de questionário utilizado por ela em que, a partir de um exercício de autoavaliação, os seus alunos podem revisar conteúdos e ampliar seu vocabulário. Usando a mesma plataforma, o Moodle, a professora de Língua Portuguesa do 8º ano, Roberta Fernandes, apresentou um modelo de avaliação que valoriza a importância do feedback para aprendizes, professores e professoras, a partir da elaboração de um questionário com respostas curtas e de múltipla escolha.

As três professoras destacaram a conveniência do uso da tecnologia por meio desses instrumentos de avaliação, tanto do ponto de vista da facilitação do trabalho dos professores e professoras quanto pela interatividade envolvida por parte dos alunos.

Avaliação formativa ou processual

Na sua intervenção, a professora de Produção Textual do 4º ciclo, Fernanda Baruel, apresentou a ferramenta do Laboratório de Avaliação do Moodle, chamada avaliação por pares. Segundo o relato da professora, após uma etapa de planejamento, os alunos e alunas produzem a primeira versão de seus textos, que será submetida à avaliação dos colegas. A partir de critérios previamente definidos, estes indicam quais os aspectos positivos e quais podem ser melhorados da produção do amigo ou da amiga na segunda versão do texto. Ainda de acordo com a professora Fernanda, com esse instrumento, a avaliação não somente ocorre durante o processo de aprendizagem, e não apenas no final, como também favorece, nessa inversão momentânea de papéis, a apropriação e assimilação dos critérios de avaliação por parte dos estudantes. Para Fernanda, a ferramenta atende ao modelo de avaliação baseada nos PCNs de produção de texto e de uso de tecnologia, contribuindo para a progressiva aquisição da habilidade para revisão e, consequentemente, para o caráter autônomo do próprio processo de aprendizagem, na medida em que dá sentido à produção autoral mediante o compartilhamento do texto para leitores reais.

Outro exemplo da avaliação processual ou formativa, apresentado pelo professor de Arte do 1º ciclo, Willian Gerson da Rosa, foi a avaliação por rubricas. Segundo o professor, uma rubrica é uma matriz de critérios de correção que explicita os diferentes níveis possíveis de desempenho na execução de uma tarefa ou da aquisição de conhecimentos. Entre as vantagens da avaliação por rubricas, segundo o professor William, está o fato de a avaliação ser contínua —ou seja, se dá em todas as etapas da aprendizagem— e permitir intervenções que possam embasar melhorias durante o processo de ensino-aprendizagem, além de valorizar os conhecimentos prévios do estudante. O uso de rubricas, com descritores prévia e criteriosamente planejados, outorga objetividade e transparência ao trabalho docente, na medida em que permite ao estudante ter uma visão clara dos objetivos pedagógicos de cada etapa e também, por meio da autorregulação, avaliar os objetivos alcançados em comparação com aquilo que foi planejado.

Sabendo exatamente o que se espera dele, o aprendiz se torna também sujeito de sua aprendizagem, reflete sobre suas etapas. Em outras palavras, aprende a aprender.