Encontro com Fábio Lucindo
Em 13 de junho, dublador veio conversar com os alunos do Cine CultS
Por: Tatiana Maria de Paula Silva | 20 de junho de 2017.
O dublador, ator e diretor de dublagem Fábio Lucindo esteve no Colégio Miguel de Cervantes para conversar sobre a arte de dublagem com os alunos do Projeto Cine CultS, coordenado pela professora Maíra de Cinque Pereira da Costa.
Fábio Lucindo é o dono das vozes de vários personagens de animes, como Kiba Inuzuka, do anime Naruto, Takuya Kanbara, do Digimon Frontier, entre outros, mas consagrou-se por dublar a personagem Ash (do seriado Pokémon) por dezessete anos, o que lhe rendeu fãs em todo o Brasil.
Ele também é o dublador que mais interpretou atores, como Zac Efron, Michael Cera, Emile Hirsch, Justin Chon e Logan Lerman, além de ser também o dublador do ator Justin Long como a voz de Alvin, da trilogia de Alvin e os Esquilos.
No bate-papo, o ator apresentou um documentário sobre a profissão de dublador no Brasil, considerado um dos melhores países do mundo nessa atividade. Durante a palestra, Fábio contou sua trajetória, iniciada aos 8 anos de idade, e os diversos fatores que o levaram a seguir essa profissão. Ele falou sobre os processos do dia a dia do trabalho e respondeu às dúvidas dos alunos.
Fábio acredita que a dublagem é um exercício e uma escola para o ator. “É necessário ter sensibilidade para dar a mesma entonação que o original, para passar com a voz toda a emoção. Essa é a principal dificuldade, considerando que o dublador está em um ambiente frio, sem cenário e sem contracenar com alguém. Ao mesmo tempo, ele tem a obra já pronta, não tem muito o que inventar. O processo de dublagem é muito particular nesse aspecto, permitindo a dublagem de personagens completamente diferentes em um mesmo dia, às quais é necessário se adaptar muito rápido. ”
Para ele, a dublagem brasileira é versátil e os profissionais estão cada vez mais capacitados. Ele, porém, acredita que as facilidades tecnológicas e a pulverização do mercado de trabalho nesse ramo dificultam a regulação e o respeito às convenções coletivas, muitas vezes comprometendo a qualidade dos trabalhos realizados.
Na conversa, Fábio esclareceu as dúvidas e curiosidades dos alunos. Sobre como é realizada e escolha de um dublador para um determinado papel, ele explica que a referência é sempre a voz do original. “Quando o diretor de dublagem vai escolher alguém, ele já pensa como critério o tipo de voz que corresponde ao do original. Normalmente é o diretor quem escolhe, mas às vezes o cliente quer escolher. Nesse caso é feito um teste para ele decidir”, explica Fábio.
Sobre suas preferências, Fábio afirma que prefere assistir a animações dubladas: “Acho que nas animações sempre é feito um bom trabalho de adaptação em relação às piadas, para que façam sentido no Brasil. Acredito que houve uma evolução no modo como se faz a dublagem. Antigamente, os atores tinham mais liberdade e inventavam falas; eu gosto de partir de uma tradução literal e fazer uma adaptação apenas se for necessário. Caso contrário, sigo a literalidade, até mesmo por respeito à obra original. Tenho consciência de que aquilo que dublo em uma semana pode ter sido feito em anos e que o roteiro passou por muitos tratamentos, por isso acho mais correto manter o que foi concebido. Se é uma piada ou uma expressão idiomática, aí a tentamos encontrar uma equivalente”, conclui o dublador.