Capoeira na escola
Jogo valoriza a socialização e o desenvolvimento psicomotor
Por: Tatiana Maria de Paula Silva | 6 de novembro de 2017.
A capoeira chegou ao Brasil com a escravidão. Os negros trazidos da África para o trabalho forçado manifestavam resistência por meio da luta disfarçada de dança. Proibida durantes aqueles anos, a capoeira ganhou força e reconhecimento como arte na década de 30 e até hoje é um dos maiores símbolos da influência da cultura africana em nossa sociedade.
Nas aulas de capoeira do curso extra do Colégio Miguel de Cervantes, os alunos aprendem os movimentos e as técnicas dessa arte, que não só ensina ritmos como também desenvolve as habilidades corporais e trabalha valores relacionados ao respeito e à tolerância.
Para João Portela, professor de capoeira do curso extra do Colégio, o jogo no âmbito educacional oferece uma aula dinâmica, com uma forma lúdica de ensinar e desenvolver os aspectos motores, sociais, culturais e históricos. “A capoeira fortalece a autoestima, desenvolve o condicionamento físico, a noção de ritmo e a coordenação motora de uma forma recreativa, harmoniosa e disciplinar. São desenvolvidos também o senso cooperativo e a integração social. A capoeira é história, filosofia de vida, sentimento de brasilidade, música, dança, jogo, ritmo, amor, poesia, educação, cultura e é a arte de brincar com o nosso corpo no tempo e no espaço, não só do ponto de vista da psicomotricidade, mas também da contextualização da sua própria identidade histórica”, afirma João.
Aula a aula, os alunos aprendem o jogo da capoeira, a música e a instrumentação. Para materializar o conhecimento e dar sentido ao aprendizado, o professor João propõe em uma das aulas a construção do próprio berimbau. Na oficina os alunos aprendem o nome de cada componente do instrumento e se familiarizam com as notas e a sonoridade desse elemento fundamental em uma roda de capoeira. É pela sonoridade do berimbau que os movimentos e o estilo do jogo se desenvolvem durante a roda.
Para os aprendizes do professor João, a construção do berimbau representa um momento de conhecimento e fruição. Ao final, todos exibem orgulhosos os seus instrumentos, que os acompanharão durante as próximas aulas.
João Portela é professor e educador da arte capoeira. Iniciou capoeira no ano de 1992 e formou-se professor no ano de 2005. Atuou em vários projetos sociais do governo e de prefeituras por vários estados do Brasil e pela Europa, sempre buscando divulgar a capoeira pelo mundo como arte, cultura , esporte , lazer, educação e bem-estar.