Educação 3.0 – relato de experiências com tecnologia
Equipe de tecnologia educacional promoveu, em 9 de abril, discussão crítica do conceito de Educação 3.0 e o relato de trabalhos interdisciplinares com o uso de recursos tecnológicos
Por: Tatiana Maria de Paula Silva |30 de abril de 2014.
Problematizando o conceito de Educação 3.0
Na primeira apresentação da tarde, Carolina Ferruci Monção, professora de Geografia do Ensino Médio e Antonio Abello Rovai, coordenador de Tecnologia Educacional do colégio, apresentaram um estimulante debate sobre o conceito e os seis princípios da Educação 3.0, segundo o autor Jim Lengel. A dupla convidou todos a refletirem criticamente sobre o conceito de Sociedade da Informação e sobre as metas da educação na contemporaneidade. Para os professores, essas devem promover uma maior aproximação da escola ao mundo do trabalho, mas não devem se restringir à mera preparação dos estudantes para o mercado. É preciso ir além e garantir o estímulo à inovação e à criatividade na resolução de problemas e, acima de tudo, promover, pela prática, o aprendizado do exercício da cidadania.
Para detalhar o conceito, os professores elaboraram uma linha do tempo traçando um paralelo sobre a organização do trabalho e os modelos de educação desde a época pré-industrial até os dias de hoje. Para eles, a perspectiva extremamente simplificada do processo histórico e da história da educação tal como apresentada por Lengel resulta em uma visão enfraquecida do ensino como potencial transformador da sociedade.
Como contraponto à estreita vinculação entre escola e mercado de trabalho proposta por Lengel nos seis princípios da Educação 3.0, os professores propuseram a reflexão e a ampliação da prática pedagógica para temas como sustentabilidade e lixo digital, aprendizagem por meios virtuais colaborativos, uso crítico das mídias sociais, democratização da informação e superexposição individual.
A conclusão proposta por Carolina e Antonio é de que os princípios da Educação 3.0, assim como qualquer teoria, devem ser pensados pelo professor como ponto de partida para a reflexão e avanço de conhecimento. Nenhuma teoria pode ser considerada como uma verdade absoluta e estanque. Eles acreditam que, em sala de aula, a tecnologia deve vir a serviço da educação como facilitadora para a produção de conhecimento mediada pela interação do professor.
Desenvolvendo a autoria e a criatividade: Cervantíada 2013
Para demonstrar as contribuições que os recursos tecnológicos podem trazer para a sala de aula, a apresentação dos professores William Rosa, da disciplina de Arte, e Luciana Melloni Rocco, de Educação Física, do Ensino Fundamental I, abordou o uso dos computadores na criação dos mascotes que ilustraram o almanaque da Cervantíada.
A proposta experimental e inovadora fez que, durante o processo, os professores adaptassem suas atividades em função dos desafios encontrados, o que comprova que flexibilidade é uma forte aliada prática educativa, “percebemos que os alunos tinham dificuldade em achar algumas ferramentas do programa. Para alguns, aquele era o primeiro contato com esse recurso, por isso levamos duas aulas a mais do que havíamos planejado. Por outro lado, eles estavam muito motivados e essas aulas deram a oportunidade para que eu trabalhasse mais a coordenação motora fina, o que foi muito benéfico para eles,” avalia a professora Luciana.
Para William, a experiência mostrou que algumas técnicas podem ser aprimoradas, “eles estavam criando no suporte que eles tinham segurança: papel e lápis, e copiando no computador. Um ponto a ser revisto para esse ano é utilizar os tablets ao invés de computadores, para que eles se sintam mais confortáveis e possam criar diretamente no suporte virtual.”
O projeto do almanaque nasceu em 2011 da necessidade que os professores identificaram em contextualizar as famílias sobre os fundamentos dos jogos adaptados e dos princípios da Cervantíada no Ensino Fundamental, que privilegia a cooperação e não tem caráter competitivo. A criação dos mascotes é um trabalho interdisciplinar que desenvolve as habilidades artísticas dos alunos e amplia o repertório à medida que estudam a caracterização dos aspectos culturais de diversos países presentes neles.
ePals: a sala de aula além de suas quatro paredes
Em uma demonstração de como a tecnologia pode estreitar as fronteiras no mundo e ampliar o repertório cultural, as professoras Dulce Junqueira Stoll Nogueira, da disciplina de Inglês e Alexandra Sin Maciel, de Língua Espanhola, apresentaram os projetos que iniciaram no ano passado com alunos de 6º e 7º anos do Ensino Fundamental. Por intermédio da plataforma ePals Global Community, as professoras trabalharam produção de textos com os alunos mediando a troca de e-mails deles com jovens de outro países.
No projeto, os alunos estabelecem comunicação por e-mail nos idiomas inglês e espanhol com alunos de outras escolas. É uma ótima oportunidade para conhecer a realidade de jovens em lugares como a Turquia, Índia, Estados Unidos ou Rússia e trocar ideias sobre a cultura e os problemas sociais de seus países. Durante esse processo, os jovens têm liberdade para discutir os temas que considerem mais relevantes e para trocar informações em um rico exercício de coexistência cultural.
O objetivo principal do projeto é desenvolver nos alunos a produção do texto autoral nos idiomas. O sucesso se traduz no número de textos que os alunos produzem semanalmente e na integração com jovens de outras nacionalidades, o que amplia o significado dessa produção. “O interesse dos alunos é tão grande que não é necessário marcar data para entrega dos textos, eles querem se comunicar e isso já faz toda a diferença,” comenta a professora Dulce. Além da competência linguística, que é aprimorada a cada e-mail, o projeto proporciona a discussão sobre a tolerância e o respeito pelas
O objetivo principal do projeto é desenvolver nos alunos a produção do texto autoral nos idiomas. O sucesso se traduz no número de textos que os alunos produzem semanalmente e na integração com jovens de outras nacionalidades, o que amplia o significado dessa produção. “O interesse dos alunos é tão grande que não é necessário marcar data para entrega dos textos, eles querem se comunicar e isso já faz toda a diferença,” comenta a professora Dulce. Além da competência linguística, que é aprimorada a cada e-mail, o projeto proporciona a discussão sobre a tolerância e o respeito pelas diferenças culturais.
A professora Alexandra acredita que a parceria com escolas em outros países para desenvolver esse tipo de trabalho dá sentido ao uso da tecnologia na aprendizagem e cria oportunidade para que os alunos busquem respostas às suas próprias perguntas. Para ela, o que mais chamou a atenção foi a motivação dos alunos para colocar em uso o idioma que estavam aprendendo “ao final, a pedido da professora dos Estados Unidos, tivemos um vídeo chat, que foi um momento muito emocionante. Eles queriam conhecer e ouvir aquelas pessoas com quem estavam se correspondendo. Os alunos americanos, devido ao fuso horário, chegaram antes de seu horário escolar e isso demonstra o envolvimento e a profundidade desse projeto”.