Habilidades e competências do sec. XXI – Relato de experiências com tecnologia
Encontro discute o conceito de habilidades e competências e o relato de experiência com música e matemática
Por: Tatiana Maria de Paula Silva |11 de junho de 2014.
Habilidades e competências do sec. XXI
O encontro organizado pela equipe de Tecnologia Educacional do Colégio Miguel de Cervantes, no dia 9 de junho, propôs, em um primeiro momento, a reflexão sobre os conceitos e definições que envolvem as chamadas habilidades e competências do século XXI e o questionamento sobre o papel da escola enquanto reprodutora de conhecimento apenas para a gerar mão de obra qualificada para a produção.
Para introduzir o tema, a professora Pollyanna Cardoso apresentou um comparativo sobre as perspectivas dos pensadores Jean Piaget, Lev Vygotsky, Reuven Feuerstein e Paulo Freire em relação ao desenvolvimento cognitivo da criança e o percurso da definição de habilidades e competências até a inserção dos termos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que norteiam os objetivos educacionais do país.
Em seguida, a partir dos estudos realizados pelo professor Pedro Demo*, a professora apresentou algumas das competências e habilidades com que a escola se depara e que são próprias do nosso século, como a fluência digital, hoje tão importante quanto a da leitura e da escrita, além de destacar outras três habilidades consideradas fundamentais: a de produzir conhecimento, a de produzir em colaboração e a de relacionamento interpessoal.
Logo após, o professor Antonio Abello Rovai, coordenador da equipe de Tecnologia Educacional, falou da origem da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), instituição que tem como objetivo produzir indicadores para orientar os países membros em assuntos relacionados ao desenvolvimento, dentre eles, a educação; e que desenvolveu o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) que avalia as habilidades e competências de alunos de 15 anos. Para o professor, “os conceitos ou definições sobre o que são habilidades e competências ainda não estão fechados e provavelmente não estarão durante muito tempo”, chamando a atenção dos participantes para o caráter circunstancial da definição das habilidades e competências, que dependem da época, do local e da área de conhecimento em que ela está inserida.
Para Antonio, ainda que o termo competências seja vinculado por muitas instituições de pesquisa ao mundo do trabalho, a escola precisa desenvolver outras características importantes para formar cidadãos questionadores e agentes de transformação e não somente para atender às necessidades da qualificação do mundo do trabalho.
* PhD em Sociologia pela Universidade de Saarbrücken, Alemanha, 1967-1971, e Pós-Doutorado pela University of California at Los Angeles (UCLA), 1999 – 2000. Professor titular aposentado e Professor Emérito da Universidade de Brasília (UnB), Departamento de Sociologia. Pesquisador da questão da aprendizagem nas escolas públicas, por conta dos desafios da cidadania popular. Ministra conferências por todo o país e no exterior, em geral em torno da questão do professor, mas também no âmbito da Política Social e da Metodologia Científica. Esta atividade é alimentada permanentemente por publicações (85 livros e vários artigos) que buscam atualizar a pesquisa e a produção na área. (Fonte: http://www.cefetmg.br/galerias/arquivos_download/alunos/Curriculo_Dr_Pedro_Demo.pdf)
http://pedrodemo.blogspot.com.br/p/livros-publicados.html
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4780432E5
Música e Matemática
Na segunda parte do encontro, os professores Ivo Bonfiglioli (Música), Lucinda Gisondi Cavalheiro e Viviane Moreira (Matemática) apresentaram o relato da atividade realizada em 2013, que deu origem à apresentação dos alunos do 5º ano no Sábado Musical do ano passado, em que se estabeleceu uma enriquecedora relação entre a leitura das partituras musicais com as figuras geométricas e gráficos matemáticos.
A partir da melodia da música “Canto de um Povo de um Lugar”, do cantor e compositor Caetano Veloso, os professores utilizaram o programa Finale** para propor a edição das partituras usando como referência determinadas figuras geométricas. Os alunos utilizaram o programa para elaborar um sistema gráfico que representasse a música. A proposta, muito bem sucedida, apresentou os resultados em um tempo menor do que o planejado. Os alunos trabalharam de forma colaborativa, e o exercício contribuiu para um maior envolvimento e motivação na apresentação do Sábado Musical. E motivou novas propostas envolvendo música e matemática.
Para trabalhar a conceituação e a produção de gráficos, a professora Viviane Moreira apresentou aos alunos uma outra melodia criada por Caetano Veloso para o poema “Pulsar”, do poeta concretista Augusto de Campos. Estabelecendo valores para as notas dos acordes e para os tons grave, médio e alto, os alunos criaram um gráfico de linha respeitando os intervalos entre notas.
Para a professora Viviane, a relação que os alunos estabeleceram entre as partes da música e os componentes de um gráfico conferiram ao tema uma aprendizagem significativa, constatada pelo resultado da transposição dos conceitos para outras áreas de conhecimento e pelo desenvolvimento dos alunos nas interpretações de gráficos.