Encontro com autor:
Sally Gardner visita Colégio Miguel de Cervantes e conversa com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental
Autora já vendeu mais de 2 milhões de livros pelo mundo todo

Por: Tatiana Maria de Paula Silva | 12 de setembro de 2014.

A premiada escritora britânica Sally Gardner esteve no Colégio Miguel de Cervantes, no dia 4 de setembro, para uma conversa com os alunos do 9º ano sobre seu livro Lua de Larvas, editora Martins Fontes, 2014, ganhador dos importantes prêmios da literatura inglesa: Carnegie Medal, na categoria infanto-juvenis, e Costa Book Awards, de literatura infantil.

O encontro não só aproximou a autora dos alunos, que apresentaram fluidez e proficiência no idioma inglês, como aprofundou temas como dislexia, bulling, perseverança e coragem.

O livro Lua de Larvas relata a vida de um menino disléxico em um regime totalitarista, opressivo e tirânico em que as pessoas contrárias ao governo ou com alguma deficiência são consideradas “impuras”, dispensáveis, apartadas da sociedade e que vivem em uma zona em condições subumanas.

A atmosfera sufocante, carregada de tensão e violência são o contraponto para a sensibilidade, tenacidade e heroicidade do narrador personagem Standish Treadwell. O amor fraterno incondicional e a valorização da liberdade também fazem parte dessa comovente, terrível e maravilhosa narrativa.

A autora transfere para a voz do protagonista da trama sua experiência infantil com a dislexia. No encontro com os alunos, Gardner falou sobre sua trajetória, da passagem por várias escolas, da incompreensão em torno da dislexia e da habilidade em criar suas histórias até aprender a ler com 14 anos. “O que você faria se, com 12 anos, não conseguisse ler, soletrar seu próprio nome, escrever e as pessoas te considerasse estúpida? Você provavelmente começaria a criar suas próprias histórias, viver em sua imaginação, em sua cabeça.”

Ela lembra do bulling e do preconceito pelo qual passou até ser aprovada na universidade de arte, onde recebeu premiações, se tornando uma reconhecida ilustradora e escritora.

No livro Lua de Larvas, ela queria mostrar um pouco desse universo e do olhar muitas vezes obscurecido pela ignorância e falta de preparo para entender as limitações e incentivar as possibilidades e habilidades da criança disléxica.

Gardner relata que começou o livro sem nenhum contrato e isso deu muita liberdade para ela escrever. Ao final, ela acreditou que nenhuma editora publicaria o livro: “não se escreve sobre um professor matar um aluno no playground da escola; ou sobre dois meninos se beijando em um livro para jovens.”

Ela acredita que o sucesso de vendas, as premiações e a repercussão do livro a fortaleceram para poder alinhar a linguagem de seus próximos livros à realidade do público jovem com mais contiguidade e fidelidade.

Para Simone Seifert Deffente Migliari, professora de Língua Portuguesa do 9º ano, a escolha da obra Lua de Larvas para essa faixa etária atende à aprendizagem interdisciplinar: “selecionamos obras que, além da indispensável qualidade literária, abordam temas que permitam uma reflexão sobre a realidade histórica, assuntos trabalhados concomitantemente nas aulas de História e Geografia. Dessa maneira, cumprimos com o nosso maior objetivo que é o de humanizar nossos alunos e mobilizar conhecimentos que dão suporte aos textos argumentativos que serão produzidos pelos alunos no segundo semestre. Lua de Larvas, de Sally Gardner, encaixa-se perfeitamente nesse momento, leitura de que os alunos gostaram muito, enriquecendo ainda mais nosso curso.”

Fotos: Silvio Luiz Canella

Impressão da leitura:
Para a as alunas Eduarda Vieitas Soares da Silva, Júlia Fuks Ribeiro e Maria Clara Kachan Bordignon, do 9º D, o livro superou as expectativas:

Qual foi a primeira impressão que vocês tiveram quando vocês receberam a indicação de leitura do livro?

 

Eduarda: Eu achei que a leitura seria interessante, pois o livro estava sendo vendido em várias livrarias, nas sessões de leituras indicadas para nossa idade e nos mais vendidos.

Júlia:
Quando comprei o livro na Feira do livro do Colégio, em maio, eu não entendi direito o título, não sabia do que se tratava. Só quando comecei a ler é que me empolguei com a leitura.

Maria Clara:
Quando a professora indicou e eu vi a capa do livro, eu não esperava muito dele, mas, desde do início, eu sabia que seria uma leitura diferente. Quando comecei a ler, me surpreendi.

Vocês acreditam que atualmente é possível existir uma sociedade como a descrita no livro?

Eduarda: Já aconteceu, mas não acredito que possa acontecer de novo.

Júlia: Essa sociedade é como se alguns regimes que já tentaram se impor no passado não tivessem sido contidos.

Maria Clara: Nos dias de hoje, temos muitos conflitos acontecendo em vários países. Talvez porque os conflitos do passado ainda mantêm