Por: Manuela Ramos e Victoria Nunes / 18 de maio de 2019
No sábado, a palestra do autor de Quissama: o Império dos Capoeiras, Maicon Tenfen, foi proporcionada aos alunos de 8º e 9º anos do Colégio Miguel de Cervantes e seus professores. Falou-se um pouco sobre capoeira, sobre autores relacionados ao livro e sobre a cultura brasileira. Ao longo da palestra, Maicon comunicou que a história é um romance ficcional, por isso os manuscritos mencionados no livro são somente invenção do autor, e os alunos se surpreenderam. “O autor é o melhor mentiroso que existe”, contou Maicon.
Na palestra, Tenfen também falou sobre como foi a passagem da ideia de escrever o livro até o manuscrito em si. Ele contou sobre os poetas e, principalmente, sobre a ópera que marcou muito a imagem indígena que representa o livro. Além disso, falou sobre a pintura A morte de Moema, uma indígena que, segunda a literatura, teria morrido de amor. “Se você morre de amor, você tem alma. Se tem alma, é gente. Com base nisso, perceberam que o indígena também é gente”, afirmou Maicon.
Depois de falar sobre os indígenas e suas representações, Tenfen falou sobre como os negros não são representados na época em que se passa o livro. Em seguida, respondeu às perguntas dos alunos sobre a minuciosa pesquisa feita para o livro ser escrito e sobre as dificuldades nessa tarefa. Além da palestra, houve uma apresentação de capoeira, que contou com a participação de André Oliveira, professor de história do 8º e 9º anos.
Após a palestra, Maicon Tenfen foi entrevistado. As perguntas e respostas estão subscritas:
Manuela: Como foi a experiência de escrever um livro sobre a cultura brasileira?
Maicon: Para mim foi como retornar à juventude. Foi como revisitar lugares familiares. Em todo lugar, sempre ouvimos falar sobre a Rua do Ouvidor, que hoje ela está bem abandonada. Então, para mim, havia tantos fragmentos, tantas coisas que eu ouvia falar, que eu lia. Eu tentei juntar todas essas coisas em um pacote e fazer uma história sobre isso.
Victoria: Qual foi sua reação ao seu livro fazer tanto sucesso?
Maicon: Eu acho que o sucesso se deve a uma certa carência que existe na nossa bibliografia. Por exemplo, os praticantes de capoeira no Brasil são 6 milhões. Dos esportes de combate, é o mais praticado, e o segundo tem mais ou menos 5 milhões a menos. Apesar disso não há muitos filmes sobre o assunto, nada na Netflix sobre isso, embora estejam investindo em programação localizada. Mesmo quando apareciam capoeiristas em telenovelas, eram sempre os capangas do bandido. A ideia foi fazer algo diferente disso, trazendo essa realidade para uma história de aventura.
Manuela: Como foi fazer essa palestra? Já havia feito antes uma palestra sobre esse livro?
Maicon: Eu já fiz muitas palestras na minha vida, algumas sobre esse livro também. A palestra aqui foi bem legal e, por causa do pessoal. Muitos estavam realmente achando que era uma obra mais historiográfica, que os manuscritos fossem de fato reais, e essa foi minha surpresa. Espero realmente não ter decepcionado vocês pela história ser, na realidade, um romance, que é uma mentira quando você escreve.