Mesa Redonda
Por: Tatiana Maria de Paula Silva | 18 de maio de 2019.
Em 17 de maio, o Colégio Miguel de Cervantes recebeu o professor e autor, Douglas Tufano, Marise Hansen, professora e estudiosa de Machado de Assis e editora, e Simone Paulino, editora, jornalista e escritora, para compor a mesa de debate 180 anos de Machado. A mesa redonda, proposta para os alunos do Ensino Médio, teve como título a data de nascimento de um dos maiores escritores brasileiros, que é celebrada em 21 de junho, e objetivou ampliar o repertório dos alunos sobre suas obras e sua influência na literatura até os dias de hoje.
Participaram também a chefe do Departamento de Língua Portuguesa do Cervantes, Lilian Gorski, além dos professores de estudos literários Fábio Brazolin e João Jonas Sobral, que lançou durante a Feira do Livro a obra Como Machado de Assis pode relativizar sua vida.
Na primeira parte do encontro, Tufano, Hansen e os professores do Colégio falaram sobre a atualidade das obras de Machado de Assis, bem como as características de seus textos que, por meio da ironia, apresentavam críticas contundentes à sociedade e à política. Marise Hansen enfocou a relevância dos textos de Machado e sua atualidade. “Se formulou a ideia de que Machado de Assis, por ser um autor universal, que trata do amor, da morte e da loucura, temas atemporais e universais, não teria se envolvido nas questões do seu tempo (…). Sabemos que ele disse muito para o leitor sobre seu tempo. O que faz dele um autor atemporal para nós é a relativização, a meu ver, o grande trunfo de sua literatura. É ensinar a gente a pensar sempre que tudo tem um outro lado e uma outra versão. Tudo é uma questão de perspectiva. Existem muitas verdades e, mais do que nunca, é importante ler Machado. Esse autor é um dos que vai nos ensinar a relativizar e que, para fazer isso, é necessário questionar”.
Douglas Tufano destacou aos participantes a importância de ler as obras de Machado de Assis no enriquecimento de repertório cultural e para a produção de textos com conteúdo relevante, além de estimular uma reflexão sobre os problemas da sociedade. “Se estivesse vivo hoje, ele faria muitas ironias e paródias sobre nosso comportamento atual”, acentua Tufano. “Segundo Machado, o pior que acontece em um país escravocrata é começarmos a achar a violência natural. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, há o ex-escravo Prudêncio, que, depois de livre, compra um escravo e o castiga da mesma forma como ele era castigado. Isso ilustra bem o que Machado sempre demonstra em seus textos: o pior da escravidão não é a tortura que se faz aos escravos, mas como aos poucos essa tortura parece ficar natural em nossa sociedade”.
Na segunda parte do encontro, a editora Simone Paulino conversou sobre o mercado editorial e apresentou a obra do professor João Jonas aos alunos e professores presentes. Simone iniciou sua fala destacando aos alunos a importância da defesa ao direito à leitura. “Vocês não imaginam o tamanho do privilégio que é estudar em um Colégio como o que estão. É importante que vocês saibam, porque futuramente ocuparão cargos, posições e lugares de fala em que deverão defender que outras pessoas tenham oportunidades parecidas com essa. Há um compromisso de todos de garantir o direito à literatura, porque literatura não é privilégio, é direito. O professo Antonio Candido dizia: Por que é direito humano? Porque se me falta, me lesa. A gente sabe que tem muita gente lesada nessa sociedade porque não lê, mas a falta de leitura lesa também na constituição emocional e psicológica do sujeito, pois todo mundo deve ter o direito a ler Machado de Assis”.
Ao final, os convidados leram trechos de suas obras aos alunos. Durante todo o encontro, os alunos participaram fazendo perguntas aos convidados e professores.