O povo espanhol contra Stella Tagomori
Cientistas do Instituto Cajal colaboram na avaliação da imputabilidade de uma assassina diagnosticada com esquizofrenia
Por: Luana Rabello Papaiz | 20 de outubro de 2017.
Um grupo de alunos do Ensino Médio do Colégio Miguel de Cervantes fez, no dia 20 de outubro de 2017, um trabalho no Congresso da Hispanidad mostrando aplicações reais dos estudos científicos na área de biomédicas mediante um julgamento. Pelo Instituto Cajal ter muitas pesquisas, o grupo decidiu focar em doenças neurológicas. Dentre elas, optou pela esquizofrenia. Por isso, surgiu a ideia de julgar um caso de assassinato cometido por uma pessoa esquizofrênica.
A esquizofrenia é um transtorno mental que afeta a habilidade da pessoa de pensar, sentir e agir. Ela causa comportamento social anormal e incapacidade de diferenciar o que é ou não real. Entre seus sintomas estão os delírios, pensamentos confusos, diminuição de interação social e expressividade de emoções, alucinações auditivas e falta de motivação. Pacientes esquizofrênicos apresentam deficiências nas estratégias de organização dos processos de memória, alterações em relação à utilização de semelhanças fonéticas ou semânticas, na facilitação dos processos de evocação e na aquisição de informações.
No julgamento, uma estudante universitária de 19 anos diagnosticada com esquizofrenia e que decidiu não buscar tratamento havia enforcado uma de suas amigas, acordado dentro de um armário sem lembrar do ocorrido e só posteriormente chamado a polícia. O tribunal estava julgando a ré por esse crime, analisando sua imputabilidade (imputabilidade penal é a capacidade que o autor de um crime tem de entender o que está fazendo, e a partir desse entendimento, determinar se ele será punido ou não), avaliando se ela deveria ser presa ou mantida em liberdade para receber tratamentos psicológicos. O grupo abordou o critério jurídico de imputabilidade e as características do transtorno, como sintomas, riscos, causas e tratamentos, os quais foram evidenciados por meio das falas das testemunhas, advogados e do comportamento da acusada. O grupo estava dividido da seguinte maneira: a ré, o juiz, dois advogados (promotoria e defesa) e dois cientistas do Instituto Cajal como testemunhas, os quais traziam informações trabalhadas no Instituto para sustentar os diversos argumentos levantados por ambos advogados. Ao final da apresentação, o veredito foi dado por meio das cédulas de votação distribuídas à plateia e ele foi de que a ré era culpada.
Santiago Ramón y Cajal foi um patologista espanhol. É considerado o pai da neurociência moderna e seus estudos constituem até os dias atuais a base do conhecimento nesse campo. Cajal fez muitos trabalhos importantes. Alguns deles são: o aperfeiçoamento da técnica chamada reação negra, criada pelo anatomista italiano Camillo Golgi, a criação da doutrina neuronal e a proposição de que o aumento do número de sinapses poderia ser um dos mecanismos do aprendizado e da memória. Ademais, devido à criação da doutrina neuronal (utilizada até hoje), Cajal e Golgi receberam o prêmio Nobel de 1906 em Fisiologia e Medicina, o primeiro a ser concedido em neurociências.
O Instituto Cajal é um Centro de Investigação em Neurologia. Ele foi originado com o Laboratorio de Investigaciones Biológicas, fundado em 1900 pelo Rei Alfonso XIII. Devido ao fato de Ramón y Cajal ter ganhado o Prêmio Moscou e em homenagem ao seu fundador, foi denominado Instituto Cajal. Ele é o instituto de pesquisa neurobiológica mais antigo da Espanha e sempre esteve voltado para o estudo da estrutura e função do sistema nervoso, desenvolvendo muitas pesquisas e contribuindo com inúmeros avanços na medicina.
Tema 9: “El Instituto Cajal y las ciencias biomédicas”
Orientador: Marcos Engelstein
Coorientador: Não há.
Integrantes: Daniel Kenji Serrano Furukawa, Guilherme Rodrigues Arashiro, Luca Simal Vieira, Murilo Enrique Dorion Nieto, Patrick Mujica Peebles e Stella Tagomori Lopes dos Santos.
Fontes de pesquisa:
http://www.cajal.csic.es/neurobiologia-molecular.html
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000500011
http://esquizofreniaunilasalle.blogspot.com.br/2011/10/sintomas-neurologicos.html?m=1
http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=1861
http://www.natalneuro.org.br/artigos_iinn/pdf/2007_opai.pdf
https://www.google.com.br/search?q=esquizofrenia&ie=UTF-8&oe=UTF-8&hl=en-br&client=safari
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imputabilidade_penal