“La Edad de Plata de la cultura española e iberoamericana (1868-1936): sonidos y colores”
Por: Luana Rabello Papaiz | 27 de setembro de 2017
A Idade de Prata da cultura espanhola foi uma época correspondente ao primeiro terço do século XX. Ela recebeu esse nome para indicar que o nível cultural desse período foi quase tão alto como o do Siglo de Oro (séculos XVI e XVII), devido à qualidade e ao protagonismo dos intelectuais, escritores e artistas do período. Ademais, esse período recebe tanto destaque por conta dos muitos intelectuais e artistas dessa parte do século XX, que colaboraram com a queda da Monarquia e a proclamação da Segunda República em 1931. Logo, os intelectuais formavam o grande núcleo da Idade de Prata.
O protagonismo crescente dos intelectuais ganhou mais força com a crise do sistema, em 1898, por causa dos diversos posicionamentos: os nacionalistas antiespanhóis, que enxergavam a crise como um enfraquecimento da Espanha a facilitar sua soberania, e os republicanos, socialistas e anarquistas, que enxergavam a crise como um enfraquecimento do sistema, tornando-o mais fácil de ser derrubado, de modo que poderiam instaurar suas próprias formas de revolução.
Para o fracasso do sistema de restauração, intelectuais e artistas tiveram um papel muito importante, principalmente na exibição de suas críticas que apoiavam o antissistema, que se estendeu nos setores crescentes do sistema desde a crise de 1909.
Uma curiosidade sobre isso é que os intelectuais, artistas e escritores que eram capazes de manipular e influenciar a esquerda são famosos e reconhecidos, já os que eram de extrema-direita são raramente mencionados.
Marañón, Ortega, Machado e Pérez de Ayala tinham sido declarados “padres espirituais da República”, pois tinham assinado o manifesto antimonárquico de 11 de fevereiro de 1931, que criou o partido de Agrupación al Servicio de la República e teve grande influência no estabelecimento da República na Espanha.
Na literatura, os escritores foram classificados e divididos em três gerações, as denominadas Generación de 98 (1898), Generación de 14 (1914) e Generación de 27 (1927). Com a Generación de 98, se destacam nomes como Baroja, Azorín, Antonio Machado, Manuel Machado, Unamuno, Valle-Inclán e Ramiro de Maetzu. Com a Generación de 14, intelectuais como Ortega y Gasset, Pérez de Ayala, Juan Ramón Jiménez, Gregorio Marañón e Gomez de la Serna. Já a Generación de 27 atingiu seu ápice durante a Segunda República, com ênfase na poesia de Dámaso Alonso, Federico García Lorca, Luis Cernuda, Vicente Aleixandre, Miguel Hernández, Rafael Alberti, Pedro Salinas, Jorge Guillén e Gerardo Diego; no romance, destacou-se Ramón J. Sénder.
Uma curiosidade importante sobre o período em que se deu a Idade de Prata é que, na época, a maior parte da população espanhola era analfabeta, mas, mesmo assim, as gerações literárias do período são de altíssima qualidade e consideradas algumas das melhores dentro da literatura nacional.
Na área das ciências, destacou-se o cientista Santiago Ramón y Cajal, ganhador do Prêmio Nobel em 1906, e os filósofos Ortega y Gasset e María Zambrano.
Nas artes, a arquitetura se deu no auge do modernismo em Barcelona, contando com o Palau de la Música Catalana de Doménech y Montaner e obras de Antonio Gaudí, como a Casa Milá (La Pedrera), a Casa Batlló, o Parque Güell e a Sagrada Família. Na escultura, destacou-se Pablo Gargallo. No cinema, Luis Buñuel, que fez obras pertencentes ao movimento surrealista e pertenceu a Generación de 27, além de estar ligado ao círculo de García Lorca e Dalí. A pintura tratava de temas históricos entre 1868 a 1900, mas durante a Idade de Prata o que realmente predominou foi o regionalismo, costumbrismo, realismo, naturalismo, simbolismo, modernismo e as vanguardas (cubismo, futurismo, expressionismo, dadaísmo e surrealismo), com pintores como Pablo Picasso, Joan Miró, Salvador Dalí e Juan Gris. E, por último, na música, em 1891, Pedrell lança o manifesto Por nuestra música, cujo intuito era que as músicas espanholas tivessem mais características e elementos nacionais, de maneira que se tornassem realmente espanholas; além dele, destacaram-se Enrique Granados, Isaac Albéniz e, principalmente, Manuel de Falla.
Alguns republicanos e socialistas também fizeram parte da cultura do período, como Manuel, Azaña, Julián Besteiro e Fernando de los Ríos. Já Gregorio Marañón, Ortega y Gasset e Antonio Machado, como dito anteriormente, apoiaram o novo regime, fazendo parte da Agrupación al Servicio de la República.
Entre os intelectuais e escritores assassinados da época, temos em destaque dois escritores da Generación de 27: García Lorca e Miguel Hernández. García Lorca morreu fuzilado no golpe de Estado que deu origem à Guerra Civil Espanhola e Miguel Hernández foi preso pelo nacionais depois da rendição republicana e morreu de tuberculose na prisão.
A essa época estão ligadas instituições como a Institución Libre de Enseñanza, Residencia de Estudiantes e o Instituto-Escuela. Dentre elas recebe destaque a Institución Libre de Enseñanza, que consistia numa instituição privada e elitista, glorificada por ser acatólica e fundamentada no laicismo.
A partir de 1932, alguns intelectuais como Ortega e Unamuno adotaram uma posição crítica em relação ao governo. A maioria apoiou a política reformista do governo e colaborou na ação de sua extensão cultural, como por exemplo, a visita de companhias teatrais a povos mais distantes dentro do país, levando obras do teatro espanhol, como La Barraca de García Lorca.
Com um objetivo parecido, havia também as Missões Pedagógicas, que visavam à difusão da cultura entre a população. Essa difusão se dava por meio de bibliotecas ambulantes, palestras, conversas, recitais de poesia, projeções de filmes, exposições com reproduções das obras do Museu do Prado, entre outros métodos.
Fontes de pesquisa:
http://www.hispanidad.info/tema104.htm
https://elpais.com/diario/1981/04/03/cultura/355096807_850215.html
http://www.historiasiglo20.org/HE/13b.htm
http://www.espanhol.com/espanhol/contenido/articulos/articulo.asp?Id=32
https://es.m.wikipedia.org/wiki/Federico_Garc%C3%ADa_Lorca
https://en.m.wikipedia.org/wiki/Miguel_Hernández
https://es.wikipedia.org/wiki/Segunda_Rep%C3%BAblica_Espa%C3%B1ola