El papel de la mujer en la sociedad según la perspectiva de Carmen de Burgos
Carmen de Burgos: uma mulher que almejava os mesmos direitos que os homens
Por: Eduarda Vieitas Soares da Silva | 3 de outubro de 2017.
De 1923 a 1930, a Espanha passava pela ditadura monárquica do general Primo de Rivera, o que configurava um cenário em que os homens não possuíam voz política, e as mulheres não possuíam voz alguma. Tal sociedade, completamente inóspita para a mulher, foi mudada devido a profundos esforços de intelectuais, dentre os quais se destaca a primeira jornalista mulher da Espanha, Carmen de Burgos. Na perspectiva dela, a mulher deveria desempenhar um papel ativo na sociedade e, por isso, necessitava possuir o direito ao divórcio, ao voto e à independência em relação ao homem.
Carmen de Burgos Seguí nasceu em Almería, em 1867, e casou-se aos 16 anos com um jornalista. No entanto, estava cansada de tal relacionamento abusivo e em 1901, quando sua única filha possuía apenas 6 anos, se separa do marido e a leva para Madrid, carregando somente a sua maleta e um título de professora que havia obtido estudando à noite, às escondidas. Um ano depois, se torna a primeira jornalista mulher da Espanha ao escrever a coluna Notas femininas para o jornal O Globo. Posteriormente, em 1903, passa a escrever a coluna Leituras para a mulher no jornal Diário Universal, no qual adota o seu célebre pseudônimo: Colombine. Em 1905, recebe uma bolsa para estudar os sistemas de educação de outros países, e por isso passa cerca de um ano na França, Itália e Mônaco, tomando conhecimento da situação da mulher na Europa. Ao regressar à Espanha, organiza a Tertúlia Modernista, grupo que reunia os mais importantes intelectuais espanhóis em sua casa que juntos inauguraram o jornal La Crítica. Além disso, após voltar da sua viagem pela Europa, se engaja na luta política, tornando-se correspondente de guerra em Mejilla, filiada ao Partido Republicano Radical Socialista, presidente da Cruzada de Mulheres Espanholas e da Liga Internacional de Mulheres Ibéricas e Ibero-americanas, vice-presidente da Esquerda Republicana Anticlerical e membro da maçonaria. Para deixar registrada essa vida cheia de aventuras, ela escreveu vários romances e ensaios, dos quais cabe destacar: A mal casada, A mulher fantástica, O divórcio na Espanha e A mulher na Espanha. Ou seja, a escritora, professora e revolucionária Carmen Burgos levou uma vida completamente diferente daquela esperada de uma mulher em sua época e, diante disso, se esforçou para que outras mulheres pudessem ter as mesmas oportunidades que ela.
Um dos seus feitos mais importantes, que visava à ampliação do papel da mulher na sociedade, foi a campanha para a legalização do divórcio. Para isso, em 1904 ela escreveu no jornal Diário Universal que criaria um clube de casamentos fracassados, objetivando estudar o problema e rascunhar uma lei que permitisse o divórcio. Como era de se esperar, essa publicação causou um rebuliço na época, e Carmen foi profundamente atacada pela Igreja e pelos setores sociais mais reacionários. Entretanto, a irreverente jornalista imaginou que tal opinião reacionária não seria a opinião do resto da sociedade e, por isso, lançou uma enquete no jornal a respeito de tal legalização, obtendo 1462 votos favoráveis e 320 contrários. Portanto, Carmen de Burgos deixou claro para a Espanha que a sua sociedade desejava a legalização do divórcio, o que evidenciou no seguinte trecho do seu livro La malcasada: “Era suficiente para ela possuir o domínio de seu corpo, não ter que degradá-lo em uma união sem amor; sem ter que cumprir essa obrigação que as devotas damas chamavam de dívida conjugal. Foi a maior monstruosidade que o casamento engolfava.”
Outro feito seu, de suma importância para a consolidação do papel da mulher na sociedade do século XX, foi a campanha para o sufrágio feminino. Inspirada por algumas sufragistas que conheceu na sua viagem a Paris, em 1906, Carmen lança no jornal uma coluna intitulada O voto da mulher e uma enquete perguntando se as mulheres deveriam ter o direito de votar, obtendo 922 votos favoráveis e 3.640 contrários. Diante disso, Burgos reconhece que a sociedade espanhola ainda era extremamente conservadora e que precisava de uma reforma na educação, principalmente por meio da redução do acesso limitado que a mulher tinha a esta, e publica o seguinte parecer: “O povo espanhol, em comparação com outras nações, sofre um atraso considerável. O peso dos atavismos é ainda maior do que a força do progresso que o impulsiona. As mulheres na Espanha precisam conquistar sua cultura primeiro; então, seus direitos civis, já que em nossos Códigos não são, em muitos casos, pessoas jurídicas, e depois fazer com que os costumes lhe concedam maior liberdade, mais respeito e condições de vida independente.”
Com a proclamação da Segunda República, em 1931, o divórcio e o voto feminino passaram a estar contemplados na constituição espanhola, evidenciando a importância de Carmen de Burgos para garantir à mulher um papel na sociedade. De acordo com a feminista, era intolerável que a figura feminina fosse submissa ao homem, o que justifica a sua luta pelos direitos das mulheres e está indicado nos seus seguintes dizeres: “É intolerável que a mãe não tenha os mesmos direitos do pai dentro da família e que a mulher casada não tenha a liberdade de administrar seus bens e o pleno uso dos direitos civis, sempre a considerando uma menor submetida à tutela do marido”. Portanto, com base na perspectiva de Carmen Burgos, é possível concluir que o papel na mulher na sociedade é o mesmo que o do homem.
Bibliografia:
YOROKOBU. Carmen de Burgos. Disponível em: < http://www.yorokobu.es/carmen-de-burgos/> Acessado em 06/09/2017 às 18:25.
WIKIPEDIA. Carmen de Burgos. Disponível em: < https://es.wikipedia.org/wiki/Carmen_de_Burgos >Acessado em 06/09/2017 às 18:30
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QUE FLUYA LA INFORMACION. Carmen de Burgos Segui Colombine. Disponível em: <http://quefluyalainformacion.blogspot.com.br/2017/03/carmen-de-burgos-segui-colombine-una.html> Acessado em 29/09/2017 ás 23:07.