Alunos analisam os dois personagens clássicos
Teatro esclarece quem foram o malandro brasileiro e o pícaro espanhol na história da literatura
Por: Eduardo Wanderley Monte Vieira da Cunha | 19 de outubro de 2017.
O grupo de alunos que trabalhou com o tema do malandro e pícaro reproduziu uma conversa entre empresários, estudantes e um garçom, buscando demonstrar os reflexos da literatura espanhola na brasileira durante o Congresso da Hispanidad 2017. A encenação figurativamente teve lugar em um boteco. Além de esclarecer quem foram o malandro e o pícaro e as suas importâncias para a literatura, a conversa exemplificou situações decorrentes do cotidiano em que as ações de ambos podem ser observadas, evidenciando as semelhanças e diferenças entre essas personagens. O teatro também revelou as causas históricas que propiciaram os seus surgimentos, bem como as críticas sociais feitas pelas obras nas quais apareceram.
A ambientação continha diversos elementos: pôsteres de músicas, bandeiras brasileiras e mesas pequenas para que os espectadores se sentassem, nas quais havia água e amendoim, trazendo a sensação de realmente estar presente em um boteco. Ao longo da conversa, diversos livros espanhóis e brasileiros foram citados, dentre eles os famosos Memórias de um sargento de milícias e Lazarillo de Tormes, nos quais estão presentes as figuras do malandro e do pícaro, respectivamente. Baseando-se nas atitudes tomadas por essas personagens nos clássicos apresentados, o teatro fez um paralelo com o mundo atual, exemplificando ações na sociedade em que o comportamento delas ainda pode ser observado: os empresários discutiam casos de corrupção e roubos, enquanto os estudantes escutavam e classificavam cada situação como atitudes de malandro ou pícaro. O garçom, estudante de literatura, percebe as relações entre as conversas e propõe uma junção das mesas, gerando uma conversa coletiva.
Além de explicar todas as características das obras citadas, do malandro e do pícaro, o grupo também analisou o contexto social que contribuiu para o surgimento de ambos. Foram apresentados um Brasil e uma Espanha marcados por uma grande desigualdade social, na qual as pessoas tendiam a trapacear na vida para ganhar vantagens ou meramente sobreviver, o que contribuiu para o surgimento do pícaro espanhol e do malandro brasileiro. O teatro também apresentou a ideia do malandro como releitura do pícaro. Foi explicado, por exemplo, que o malandro trapaceia na vida por desejo e esperteza, enquanto o pícaro o faz por necessidade de sobrevivência. Além disso, a apresentação evidenciou a atualidade das críticas construídas no passado (presentes nos livros citados) e a herança deixada pelos personagens na sociedade.
Tema do grupo: Reflexos da literatura espanhola na brasileira: o malandro como releitura do pícaro.
Professor orientador: João Jonas Veiga Sobral.
Coorientador: Julia Albuquerque de Pinna.
Integrantes do grupo: Danilo Bassani Neto, Lucas Vilela Vila, Nicholas Sasaki Ogata, Nicolas Peñoñori Americano Jordão de Magalhães, Nicolas Yudji Bernal e Rodrigo Bassani Clemente.