Palestras Semana de Planejamento 2016
Na abertura da Semana de Planejamento, o Colégio Miguel de Cervantes recebeu a presença de dois ilustres convidados para falar com os professores.

Por: Tatiana Maria de Paula Silva | 1º de fevereiro de 2016.

Palestra com Leila Iannone
Novos paradigmas em educação. Novo tempo para professores e alunos.

A professora doutora Leila Iannone agradeceu o convite e se lembrou com carinho do dia 15 de outubro de 1977, seu primeiro dia de trabalho no Colégio Miguel de Cervantes. Coordenadora pedagógica na época, ela falou de sua participação na equipe que elaborou os documentos que constituíram o DNA do projeto pedagógico da instituição.

Leila falou sobre a perspectiva arrojada do Colégio, que já previa, no fim da década de 70, um projeto educativo dentro dos conceitos de cidadania global. Ela apontou com orgulho que, com o passar dos anos, o Colégio permanece firme aos propósitos de sua formação, sem deixar de acompanhar a evolução dos tempos em busca do constante aprimoramento e reflexão sobre suas práticas.

Durante a palestra, Leila abordou aspectos importantes sobre a discussão dos novos paradigmas da educação do século XXI e o compromisso em diminuir a desigualdade social por intermédio do conhecimento. Ela apresentou a trajetória dos movimentos que acrescentaram às discussões mundiais o pensar na educação para a cidadania global, momento em que encontros e fóruns mundiais começaram a discutir o tema. “Durante esse percurso, o relatório da Unesco ‘Educação: um tesouro a descobrir’ sinalizou ao mundo inteiro o momento da mudança, e as escolas começaram a se preocupar a dar resposta a essas premissas.”

A professora destacou a congruência entre o desenvolvimento econômico e o cultural, que não podem ser pensados de forma dissociada, e o desenvolvimento das softs skills*, habilidades relacionadas à personalidade e às relações interpessoais. “Estamos vivendo um momento em que, ao lado da aquisição de conhecimento, da construção de competências cognitivas e do domínio do conhecimento teórico e prático, temos que nos alinhar ao desenvolvimento de competências sociorrelacionais e socioafetivas”.

Para finalizar, a professora falou sobre a importância do trabalho de tutoria para o aprimoramento das soft skills e sobre as práticas em sala de aula, que devem dar a oportunidade para que o aluno seja o protagonista da construção do seu conhecimento, propiciando momentos em que ele possa conhecer seus limites, seus talentos, suas habilidades e participar de seu processo de aprendizagem. “O aluno precisa se comprometer com esse aprendizado que passa pelo esforço cognitivo, mas também pelo desejo em superar suas dificuldades e trabalhar as competências relacionais,” conclui Leila.

Leila Rentroia Ianonne é professora doutora em educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e autora de vários títulos, dentre eles: O Mundo das Histórias em Quadrinhos e o premiado Eu Gosto Tanto de Você…, ambos da editora Moderna. Com um currículo de mais de 40 anos na área de educação, trabalhou na coordenação pedagógica do Colégio Miguel de Cervantes de 1977 a 1985, desenvolvendo projetos pedagógicos e capacitando professores.


Fotos: Silvio Luiz Canella

Palestra com Celso Antunes
Olhar para o aluno e pensar: O que ele precisa aprender?

O professor Celso começou sua fala com uma reflexão sobre o tempo e a evolução do homem. Em um panorama bem-humorado, traçou um paralelo sobre o advento da linguagem, ponto de partida para o nascimento de uma nova espécie, e sobre o advento da internet, que mudou a forma das pessoas se relacionarem entre si e com o mundo.

Celso descreve a nova geração como cidadãos globais que interagem com todo mundo, ultrapassam as barreiras linguísticas para se comunicar, são altamente empreendedores e daqui a uma década serão 75% da força mundial de trabalho.

Ele ressalta que as principais mudanças dessa geração ocorrem na escola, e que essa deve se atentar a, além de ensinar a aprender e ensinar a fazer, ensinar também valores que compartimentem uma maneira de agir para que esse cidadão global possa ser interlocutor da tolerância e do respeito.

O professor contou sobre sua experiência e pesquisa em estratégias para desenvolver uma pedagogia de argumentação que propicie a discussão de valores e a argumentação com base nas experiências do cotidiano, em uma leitura ou em uma expressão artística. Para Celso, o ambiente escolar é propício para a internalização de valores e, na prática, isso se dá com um tempo destinado para tal e um planejamento que valorize a participação e a troca de ideias.

Celso Antunes é professor mestre em ciências humanas pela Universidade de São Paulo, autor de mais 180 livros didáticos e mais de 100 livros na área de educação, com obras traduzidas na Argentina, México, Peru, Colômbia, Espanha, Portugal e outros países. É membro da associação internacional pelos direitos da criança brincar (Unesco), embaixador da educação – Organização de Estados Americanos, membro fundador da entidade Todos Pela Educação e consultor educacional da Fundação Roberto Marinho (Canal Futura). Mais informações http://www.celsoantunes.com.br