Crianças por uma mudança

Conferência discute educação e empoderamento

Por: Tatiana Maria de Paula Silva | 26 de outubro de 2016.

Os alunos do 8º ano do Ensino Fundamental e do 1º ano do Ensino Médio foram convidados para apresentarem o trabalho realizado por eles sobre o The world’s children’s prize, prêmio das crianças do mundo pelos direitos da criança, na conferência Crianças por uma Mudança – Educação, Empoderamento e Desenvolvimento Humanitário, organizada pelo Centro de Direitos Humanos (CDH) da Universidade São Judas.

O The world’s children’s prize é uma iniciativa que reúne a participação de mais de 68 mil escolas, em 114 países. É o maior programa educacional mundial para crianças e adolescentes sobre os direitos da criança. Criado em 2000, sob o patrocínio da rainha Sílvia Renata Sommerlath, da Suécia, as atividades ligadas ao prêmio consistem em divulgar, por meio de várias mídias, informações sobre os programas que combatem as violações dos direitos da criança. Anualmente, o prêmio elege, por intermédio de um júri composto de crianças de todo o mundo, um ganhador, que é considerado o modelo de luta pelos direitos da criança. O eleito recebe uma premiação em dinheiro para a causa que defende.

Os alunos criaram vídeos, reportagens, infográficos e uma campanha publicitária sobre os indicados deste ano (Rosi Gollmann, Manuel Rodrigues e Molly Melching), que foram reproduzidas e divulgadas entre os alunos de 6º do Ensino Fundamental ao 3º do Ensino Médio. Eles votarão de 21 a 25 de novembro.

A conferência, presidida pelo Prof. Dr. Karl Albert Diniz de Souza, coordenador do Centro de Direitos Humanos da Universidade São Judas, reuniu trabalhos relacionados aos direitos da mulher, de pessoas com necessidades especiais e das crianças.

Na abertura, Karl agradeceu a presença de todos e, em especial, à mesa composta pela Dra Danielle Van Tongeren, representante do Consulado Geral da Suécia em São Paulo, pelo Prof. Dr. Roberto Bolonhini Junior, do Projeto SOS Direito, pela Profª Dra Lucylla Tellez Merino, do Projeto Trabalho Decente, e pela Profª. Dra Lourdes Ballesteros, diretora do Colégio Miguel de Cervantes.

O professor Karl explicou a importância do prêmio, que divulga e reconhece projetos de grande relevância na questão do direito infantil, empodera e dá voz às crianças. “Nós do CDH capacitamos pessoas e lideranças locais no intuito de resgatar a dignidade das pessoas. Dessa forma, esse prêmio nos sensibilizou. Quando encontramos no Colégio Miguel de Cervantes professores realizando com seus alunos uma atividade similar aos que nossos alunos realizam, fizemos o convite para essa conferência”, explicou Karl.

Em seguida, dois alunos do curso de Direito da Universidade São Judas, Raniere Destro e Caroline dos Santos Costa Medina, apresentaram o CDH como um espaço destinado às atividades de extensão e pesquisa universitária e orientações jurídicas para grupos marginalizados. Segundo eles, o Centro oferece também orientações a questões relacionadas ao direito de família, trabalho ilegal, violência doméstica e de gênero, de bullying e cyberbullying homofóbicos. Por meio de seu grupo de estudos, o CDH realiza oficinas de empoderamento para lideranças locais vinculadas aos grupos discriminados pela sociedade. Também promove eventos como palestras e parcerias com outras entidades no combate à violação dos direitos humanos.

Após a exposição do CDH, as alunas Mariana Silva, Camila Vitalino e Victória Farias, do curso de administração, apresentaram o trabalho relacionado à violação de direitos fundamentais contra as mulheres e do aplicativo “Sai pra lá”, criado por Catarina Doria, uma adolescente de 17 anos, que identifica online casos de assédio. Motivado pelo décimo aniversário da Lei Maria da Penha, o trabalho desenvolvido pelas alunas discute o papel da mulher na sociedade, além de contemplar o projeto de uma das indicadas ao prêmio das crianças, Molly Melching, que há 40 anos luta para erradicar a mutilação genital feminina, o casamento infantil e o casamento forçado.

Na sequência, o Prof. Dr. Roberto Bolonhini Junior falou sobre o Projeto “SOS Direito”, idealizado e desenvolvido por ele, que presta serviço à população com plantões de atendimento sobre direito civil, do consumidor e principalmente sobre o direito das pessoas com necessidades especiais. O professor, deficiente visual desde os 10 anos de idade, após uma intensa pesquisa que resultou no livro Portador de necessidades especiais e a legislação brasileira, encontrou no tema o grande cerne do seu projeto. Roberto afirma que a legislação brasileira para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida é a mais avançada dos países latino-americanos, mas o principal problema é a falta de informação. Segundo ele, atualmente, em cada doze consultas realizadas no projeto, nove são sobre a legislação para deficientes.

Em seguida a Profª Dra Lucylla Tellez Merino apresentou o seu projeto, “Trabalho Decente”, que defende os direitos de jovens no trabalho, principalmente nas questões relacionadas à exploração, más condições ou assédio moral. Segundo ela, trata-se de um projeto educativo, que prioriza a empatia e respeito ao próximo.



Fotos: Tatiana Maria de Paula Silva

A conferência contou com a apresentação musical de um grupo senegalês, que levantou a plateia com o ritmo africano de percussão e voz.

Após a apresentação cultural, os alunos do Colégio subiram ao palco para apresentar os vídeos produzidos por eles sobre os indicados ao prêmio das crianças, uma síntese do trabalho de cada um e os objetivos do prêmio. Depois da explanação, foi aberta a coletiva de imprensa realizada pelos alunos de jornalismo da universidade, repórteres da TV e rádio da São Judas e do jornal digital Eol – Expressão OnLine. Os alunos explicaram o desenvolvimento do projeto* e o processo da pesquisa, a qual transcende os objetivos da aprendizagem nas disciplinas de Língua Espanhola, Produção de Texto, História e Geografia e atinge o âmbito da formação cidadã, que sensibiliza o alunado para o tema da solidariedade e do voluntariado.

Por meio do exercício da empatia e do contato com as questões relacionadas ao direito da infância e juventude em todo mundo, os alunos falaram sobre suas motivações e sentimentos em relação ao projeto. Além das produções de texto, vídeos e infográficos produzidos para a campanha dos indicados, eles também produzirão um livro-reportagem digital que ficará disponível na página web do Colégio como fonte de pesquisa e investigação.

Ao final da entrevista, a Dra Danielle Van Tongeren – representante do Consulado Geral da Suécia em São Paulo – agradeceu o convite, expressou a satisfação por ver que a “semente do prêmio está plantada” e agradeceu a toda a equipe do Colégio e aos alunos pelo excelente trabalho realizado.

A diretora do Colégio, Lourdes Ballesteros, também agradeceu o convite do professor Karl e a acolhida da universidade, que deram ao Colégio a oportunidade para divulgar o prêmio. Ela agradeceu ao professor Clóvis Furlaneto e aos estudantes de jornalismo que foram ao Colégio orientar os alunos sobre a coletiva de imprensa e parabenizou a iniciativa da rainha Silvia em patrocinar o The world’s children’s prize. Por último, a diretora deu um agradecimento especial aos professores e alunos do Colégio e envolvidos no projeto e afirmou que o mundo será um lugar melhor graças aos jovens, que estão cada vez mais tomando consciência de que é necessário mudar a sociedade e trabalhar para isso.

Após a Conferência, os alunos seguiram para a sede do Arsenal da Esperança. 



Veja todas as fotos em álbuns relacionados.

Leia sobre a visita ao Arsenal da Esperança: https://www.cmc.com.br/default.asp?PaginaId=11750

*Saiba mais sobre o planejamento do projeto no texto anexo.

Acompanhe:

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http://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/noticias/materias/almoco-com-os-povos-convida-estudantes-debater-os-direitos-humanos/

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