Encontro de formação em tecnologia educacional
Por: Grace Kelly Gonçalves e Heloisa Helena Lago Gouveia | 12 de maio de 2013.
Em sua mais recente publicação, “The Future”, Al Gore defende a ideia de que a globalização tem como uma de suas consequências o surgimento da Corporação Terra, Terra S.A., uma entidade totalmente integrada, em que a “terceirização” e a “robotização” levam a um novo modelo de sociedade com mudanças nos papéis do trabalho, do capital e dos recursos. Segundo o autor, vivemos, então, num cybermundo, cada vez mais conectado por meio de uma computação ubíqua, em que a relação homem-máquina permite o fácil acesso a informações, sentimentos e pensamentos. Nesse mundo internético, o uso disseminado e instantâneo da web está mudando nosso jeito de ser e expandindo nossas capacidades humanas, o que, por sua vez, faz com que surjam novos modelos de negócios, organizações sociais e padrões de comportamento. Para Gore, os sistemas educacionais precisam se adaptar às novas demandas decorrentes desse novo contexto: com tanta informação disponível, o aluno precisa aprender os fatos e desenvolver habilidades para relacioná-los e avaliar a qualidade da informação.
O crescimento econômico que acompanha e determina essas transformações globais traz um aumento insustentável do consumo, da poluição e o esgotamento dos recursos naturais de solo, água e biodiversidade. E tudo isso nos obriga a repensar nosso papel como profissionais da área de educação e como cidadãos.
A escola não pode ficar alheia a todas essas mudanças. Além do compromisso de formar cidadãos capazes de obter informações e transformá-las em conhecimento, é essencial que também realize ações que promovam uma cultura de sustentabilidade, entendida como “uma outra maneira de configurar a civilização e a atividade humana, de tal maneira que as sociedades e as suas economias possam satisfazer as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade, os ecossistemas naturais e a qualidade de vida das pessoas”, e fundamentada em três pilares integrados: o econômico, o social e o ambiental, segundo a definição do LASSU (Laboratório de Sustentabilidade em TIC / USP).
Construir uma escola sustentável é uma missão ambiciosa que demanda planejamento, coerência, realismo, compromisso socioambiental e criatividade. Nesse sentido, a educadora Miriam Salles, que atua na área de meio ambiente e tecnologia educacional, cita em seu blog uma série de recomendações úteis que orientam os passos de quem deseja iniciar essa empreitada: os dez mandamentos de uma escola sustentável. As possibilidades criativas de ação sustentável são muitas. O site da revista Nova Escola, por exemplo, apresenta Projeto Escola Sustentável, cujo objetivo é implantar práticas sustentáveis na escola, desenvolvendo atitudes diárias de respeito ao ambiente.
No Colégio Miguel de Cervantes, uma das ações desenvolvidas recentemente em parceria com o refeitório escolar foi a campanha “Seja 10 contra o desperdício”, dirigida a alunos e funcionários. A ideia foi a de estimular todos os comensais do nosso restaurante a servirem-se conscientemente, evitando o desperdício. Ao devolver o prato sem sobras, o aluno, professor ou funcionário recebia uma ficha que devia ser depositada numa urna e que representava 10 kg de alimentos não perecíveis. Ao final da campanha, as fichas foram somadas e a quantidade de alimentos equivalente (86.500 kg) foi doada ao Centro de Convivência da Criança e Adolescente – Lar Jesus Maria José, atendido pelo Cervantes Solidário. Além de ajudar pessoas, a campanha também visou a preservar o meio ambiente, uma vez que, quanto menor o desperdício, menos recursos naturais são utilizados.
Como uma escola que nasceu com a força propulsora de grandes ideais, temos muitos desafios para instituir uma cultura da sustentabilidade e alcançar suas metas que contribuirão para uma formação sintonizada com as demandas do mundo atual e do futuro.
Referências bibliográficas:
GORE, Albert. The Future: Six Drivers of Global Change. New York: Random House, 2013.
Sites:
LASSU – Laboratório de Sustentabilidade em TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais / Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
HTTP://lassu.usp.br/sustentabilidade
PLANETA SUSTENTÁVEL
HTTP://planetasustentavel.abril.com.br
REVISTA NOVA ESCOLA – ESCOLA SUSTENTÁVEL
HTTP://revistaescola.abril.com.br/swf/animacoes/exibi-animacao.shtml?escola-verde-02.swf
Blog da Miriam Salles: A escola forma gente para o futuro ou para o passado?
http://miriamsalles.info/wp/archives/3614
Os dez mandamentos de uma escola sustentável
http://miriamsalles.info/wp/archives/571