Espanhol como língua latino-americana é tema de seminário
Conferências e oficinas promovem a reflexão sobre o espanhol da América
Por: Tatiana Maria de Paula Silva | 11 de abril de 2016.
O XXIV Seminário de Dificuldades Específicas no Ensino de Língua Espanhola para luso-falantes, que aconteceu no dia 9 de abril, no Colégio Miguel de Cervantes, reuniu mais de 200 professores e profissionais de educação de língua espanhola.
O evento, promovido pela “Consejería de Educación da la Embajada de España en Brasil” e pelo Colégio Miguel de Cervantes, abrigou 3 conferências, 13 comunicações e 8 oficinas. Durante todo o dia, profissionais versaram sobre temas relacionados à história latino-americana, à variedade e à riqueza linguística do espanhol da América, ao contexto do ensino de espanhol no Brasil, entre outros.
Também estiveram presentes, apresentando seus mais recentes materiais, as principais editoras do segmento de ensino de língua espanhola.
A abertura do evento foi proferida pela diretora-geral do Colégio Miguel de Cervantes, professora Lourdes Ballesteros, que deu as boas-vindas a todos e apresentou os demais componentes da mesa, Sr. Álvaro Martínez-Cachero Laseca, conselheiro de educação da Embaixada da Espanha no Brasil; Sr. Juan Carlos Vidal, diretor do Instituto Cervantes; e Sra. María Antonieta Andión Herrero, professora titular da “Universidad Nacional de Educación a Distancia” da Espanha.
A Profa. Lourdes destacou a relevância do Seminário de Dificuldades Específicas, que está em sua 24ª edição, e é corroborado pelos participantes que vêm todos os anos de diversas partes do país devido à qualidade das conferências, comunicações e oficinas apresentadas. Em seguida, ela agradeceu à coordenadora administrativa do Colégio Miguel de Cervantes, Sra. Maria Cibele González Pellizzari Alonso, e aos assessores técnicos, pela organização do Seminário, e ao Instituto Cervantes, pela parceria no evento e por viabilizar a vinda ao Colégio da exposição do fotógrafo Bruno Giovanetti, Olhares Urbanos: São Paulo-Bueno Aires, que reúne trabalhos sobre diversos aspectos do cotidiano urbano dessas duas cidades, e convidou os participantes a visitarem-na durante os intervalos.
Em seguida, o Sr. Álvaro Martinez deu as boas-vindas e comunicou sobre o I Concurso Aberto de Redação em Espanhol do Colégio Miguel de Cervantes para alunos do 2º ciclo do Ensino Fundamental de escolas públicas e privadas. Ele informou que o anúncio oficial será na festa da “Hispanidad”, em setembro, e que o concurso visa a difundir cada vez mais o ensino de espanhol no Brasil, premiando alunos e professores por suas produções. Em seguida, o Sr. Juan Vidal elogiou a variedade do programa de comunicações e oficinas do Seminário, chamando a atenção de todos para a importância do cultivo de conhecimentos culturais no ensino. Para ele, o conhecimento cultural é um dos valores mais importantes para a compreensão mútua entre as pessoas, tem a capacidade de criar pontes e laços comuns entre realidades históricas diferentes.
Fotos: Rafael Campagnoli e Tatiana Maria de Paula Silva
O modelo plurinormativo do espanhol como língua estrangeira.
Espanhol sim…, e espanhol da América.
María Antonieta Andión Herrero*
Na conferência inaugural, a professora María Antonieta Andión Herrero convidou os participantes a refletirem sobre o ensino da língua espanhola considerando suas variedades linguísticas, sobretudo na abordagem de suas peculiaridades e diferenças ocasionadas pelas distintas influências culturais de cada país.
Para sensibilizar os participantes sobre a amplitude alcançada pelo idioma e de como ele se dissemina em todo o mundo, a professora apontou dados de recentes pesquisas que contabilizam o espanhol como a 2ª língua mais falada no mundo e a 3ª mais utilizada na internet. “Estudos apontam que dentro de três ou quatro gerações cerca de 10% da população mundial falará espanhol”, comenta a Profa. María Antonieta.
Para ela, todos nós falamos alguma variedade da língua abstrata comum e compartilhamos propriedades de vários dialetos. “Em alguma medida ou experiência, os aprendizes e professores de espanhol são conscientes dessa variedade, e os meios de comunicação recordam cada dia essa realidade. Nem mesmo o espanhol internacional, apesar de sua neutralidade, pode deixar de evidenciar em alguns casos um espanhol de marca hispano-americana”. Ela ainda afirma: “a variedade é uma qualidade do espanhol, e uma qualidade em seu sentido mais positivo”.
Ao final, a professora ressalta que a aprendizagem de espanhol deve responder a critérios específicos que incluam tornar perceptível ao aprendiz identificar as variantes dentro do contexto de compreensão desse fenômeno e validar seu uso e retenção para que não seja um obstáculo à comunicação. Ela acredita que o professor deve ensinar o modelo da comunidade em que está imerso, e considera que não é possível dar receitas válidas para todas as situações de aprendizagem em um idioma tão extenso geograficamente como é o espanhol. “Sobretudo no espanhol da América, que há séculos exerce o entendimento regional, cujo veículo é a língua, quando elegemos uma ou outra variedade em nossos cursos, traços americanos emergirão por direito próprio em qualquer ponto, fora ou dentro do mundo hispânico. No caso do Brasil, sua presença é coerente e obrigatória”, ela conclui.
*María Antonieta Andión Herrero é doutora em Filosofia e Letras, seção de Filologia Hispânica, pela Universidade de Alcalá de Henares, e professora no Departamento de Língua Espanhola e Linguística Geral da Faculdade de Filologia da UNED.
O estudo de espanhol da América no contexto de ensino de espanhol no Brasil
Carlos Felipe da Conceição Pinto**
O professor Carlos Felipe propôs reflexões sobre o espanhol da América no contexto específico do ensino do idioma no Brasil. Para ele, é necessário levar em consideração