Feira do livro: La rebelión de las formas
Oficina com Teresa e Verónica Navarro

Por: Tatiana Maria de Paula Silva | 17 de abril de 2015.

Os alunos do 5º e 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio Miguel de Cervantes receberam, no dia 16 de abril, a autora do premiado livro La rebelión de las formas, Teresa Navarro, e sua filha, ilustradora da obra, Verónica Navarro, para oficinas que relacionam arte e geometria.

A partir da leitura do livro, trabalhado em sala de aula pelos professores de matemática, Ángel Salvador, Cara Maldonado e Lucinda Gisondi da Cunha Cavalheiro, os alunos do 5º ano realizaram uma atividade de reprodução de figuras geométricas para, coletivamente, comporem um mosaico, que pode ser visto no stand do 5º ano na Feira do Livro. Já os alunos do 9º ano, sob a supervisão do professor Fábio Nogueira de Matos Martins, a partir da construção de figuras geométricas tridimensionais, confeccionaram marionetes inspiradas nos personagens da obra literária Dom Quixote de La Mancha, que estarão expostas no stand do 9º ano, na Feira do Livro.

Após as oficinas, as incansáveis e criativas Teresa e Verónica conversaram comigo sobre a concepção do livro, sua abrangência de públicos e a diversidade dos conteúdos trabalhados.

Como surgiu La rebelión de las formas?
Teresa: O livro é o resultado de um processo de trabalho de 30 anos com crianças. Trabalhei na educação infantil, me especializei em matemática e depois me licenciei em arte. Sempre gostei de trabalhar de forma interdisciplinar e tinha muita dificuldade em encontrar materiais que envolvessem diversas disciplinas. Acredito que o trabalho interdisciplinar se fortalece, pois cria uma “malha” da qual nada se escapa. Então, por necessidade, comecei a desenvolver meu próprio material e percebi que as crianças respondiam muito bem. No começo, tive receio de que as atividades, longe das mãos de Verónica e das minhas, perdessem o sentido, porém, após a edição do livro, vimos que ele criou e se enriqueceu de sentido nas mãos de outros professores.

A que público e a que áreas do conhecimento o livro se destina?
Verónica: O livro abrange públicos de diversas idades. Sabemos de um Instituto na Espanha que trabalhou o livro, pois perceberam que alguns alunos chegavam sem compreender muito figuras tridimensionais, e o livro simplificava o entendimento da construção da segunda para a terceira dimensão de uma figura.
Teresa: Conhecemos também uma professora da Colômbia que o utilizava em suas aulas de projeto na universidade de arquitetura, porque a estrutura da narrativa do livro está muito próxima ao funcionamento de um projeto científico. O grupo de figuras geométricas tem um problema e se reúne para solucioná-lo, começa a buscar e analisar informações, a debater e votar o que é viável, como no planejamento de um projeto.
Verónica: Sabemos que cada pessoa, profissional ou aluno, tem uma percepção diferente sobre o livro, que muitas vezes não havia sido planejada, ou que para nós não estava tão evidente. Quando uma pessoa nova entra em contato conosco ou ficamos sabendo da adoção do livro por um profissional, seja de arquitetura, física, ou outro, temos uma visão nova da abordagem do livro, que sempre complementa algo.
Teresa: Comparo nossos livros às cebolas; há sempre camadas e, dependendo da capacidade de cada leitor, a história vai se desencapando e ofertando ou aprofundando mais. Para alunos pequenos, por exemplo, acreditamos que a história deve ser contada, e acredito que a prática de contar histórias não deve nunca ser perdida, pois para mim literatura na educação infantil implica em envolver a criança emocionalmente, e isso não deve se perder. E, no campo das emoções, um aspecto que tentamos alcançar no livro é a aceitação das diferenças e o trabalho em conjunto. Na história, a única figura diferente das outras é a esfera, todas as outras são planas e a tomam por estranha por ser diferente. Acreditamos que crianças que têm algum tipo de diferença se identificam com ela e que isso colabora para que superem suas dificuldades de relacionamento, assim como a esfera na história.

Como foi a experiência nas oficinas com os alunos do Colégio Miguel de Cervantes?
Veronica: Estamos acostumadas a trabalhar com crianças, e é gratificante participar de um projeto assim tão grande. Os alunos colaboraram efetivamente e estavam muito interessados.
Teresa: Para nós, as oficinas representam um grão de areia no trabalho profundo que os professores daqui estão realizando, e percebemos que os conteúdos estão muito bem assimilados pelos alunos. É visível o empenho de todos, professores e alunos.


Fotos: Tatiana Maria de Paula Silva e Silvio Luiz Canella

Teresa e Verónica voltarão ao Colégio no dia 25 de abril, durante a Feira do Livro, para conversar com os alunos do 5º ano.