Curso extra de Rúgbi
Esporte promove a formação de cidadãos com postura exemplar.

Por: Tatiana Maria de Paula Silva | 20 de agosto 2014.

Cercado de lendas sobre sua origem, dentre elas, uma que diz que nasceu de uma jogada irregular do futebol, o rúgbi é um dos esportes que mais evoluem no mundo todo e que tem cada vez mais difusão no Brasil.

Definido por alguns como um esporte bruto praticado por cavalheiros, o rúgbi fundamenta-se em valores de respeito, solidariedade, lealdade e integridade. O esporte pode ser praticado por pessoas de qualquer idade e constituição, pois desenvolve o condicionamento físico e habilidades mentais estratégicas e táticas necessárias para a compreensão e execução do jogo.

Um dos momentos que consagram o clima de camaradagem relacionado ao esporte é chamado de “terceiro tempo”, tradicional confraternização após o jogo em que os times se reúnem, comemoram e exemplificam às torcidas a civilidade cultuada entre os atletas.

Para Márcia Müller, professora do curso extra do Colégio Miguel de Cervantes e do projeto Instituto Rugby Para Todos, e que treina as meninas campeãs brasileiras menores de 18 anos, o rúgbi é um esporte multifuncional: “a prática requer flexibilidade, força física, potência cardiorrespiratória e muita energia; ao mesmo tempo, desenvolve a estratégia e reflexão; respeito e valores essenciais para o bom desempenho do time e para a vida.”

Flávio Mazeo, também professor do curso extra do Colégio e do projeto Instituto Rugby Para Todos, afirma que, além dos benefícios físicos que o esporte proporciona, uma das características fundamentais é incentivar ao extremo o companheirismo, a amizade e a honestidade, uma vez que, na prática, os atletas necessitam das regras para não se colocarem em condição de risco, “as crianças percebem que precisam derrubar o portador da bola de maneira segura e respeitosa, e isso exige exercício mental, esforço, superação e lealdade.”

Para os alunos Luiz Felipe Montilla de Medeiros e Arthur Martins Costa de Souza, do 6º ano A, o rúgbi contribuiu para desenvolver o autocontrole e manter a forma física, “eu senti vontade de fazer um esporte diferente, vim para uma aula experimental e gostei muito, o rúgbi tem muito jogo psicológico e isso me ajudou a ser uma pessoa mais calma”, comenta Arthur.

O professor Mazeo esclarece que não há um biótipo ideal para a prática do esporte, “em geral as crianças menores têm mais coordenação e agilidade, e as maiores mais vantagem no contato, mas não é regra, dá para desenvolver as habilidades de cada biótipo”.

O Colégio Miguel de Cervantes oferece o curso extra de iniciação ao Rugby todas as 4ª feiras às 16h20 para alunos acima de 11 anos.

Fotos: Silvio Luiz Canella

Entrevista com:

Maurício Draghi, ex-aluno do Colégio Miguel de Cervantes, idealizador do projeto e atual presidente do Instituto Rugby Para Todos

Como e quando você conheceu o rúgbi?
Conheci o rúgbi por intermédio de um amigo, também aluno do Miguel de Cervantes, que jogava no time do Alphaville. Um grupo de seis colegas se interessou e procuramos o time mais próximo, na época o Pasteur, onde fomos fazer um treino experimental.

Como surgiu a ideia do Projeto Rugby Para Todos?
Sou morador do bairro do Morumbi e sempre tive como rotina realizar treinamentos nas ruas e praças do bairro, acompanhado por um companheiro de time, o Fabrício, também morador da região.
É comum moradores de Paraisópolis frequentarem o bairro, e sempre se interessavam e ficavam curiosos com os passes e chutes na bola oval. Foi então que surgiu a ideia, há exatos 10 anos, de apresentar uma modalidade até então desconhecida para esse público.
Hoje, o projeto tem um viés educacional através do esporte, com uma equipe multidisciplinar, com um modelo sustentável, que pode ser replicado para outras comunidades carentes pelo Brasil.

Que características desse esporte o levaram a acreditar que implantar a modalidade em um lugar de vulnerabilidade social traria benefícios aos jovens?
Todo esporte é carregado de valores muito fortes presentes em nosso cotidiano.
A união, o respeito, a lealdade, a responsabilidade, dentre outros, fazem parte de qualquer modalidade esportiva.
O rúgbi, por ser um esporte de contato e ter um código de conduta rigoroso, coloca à prova esses valores.
No rúgbi, diferentemente de outros esportes, a equipe deve avançar, porém a bola não pode ser lançada em direção à meta, sendo o portador da bola o líder e os demais jogadores seus apoios, o que faz desta modalidade o esporte mais coletivo de todos.

Quais as habilidades você acredita que o esporte desenvolve nos jovens?
A melhora na capacidade de se relacionar e da habilidade de conviver em grupo, de mediar conflitos e buscar soluções, o que favorece a melhora do autoconhecimento e da autoestima do indivíduo.

Como você vê o crescimento do rúgbi no Brasil?
Com a introdução da modalidade no programa dos jogos Olímpicos de 2016, é a oportunidade que o esporte precisava para se desenvolver e conseguir mais adeptos de todas as classes sociais.
O rúgbi é o esporte coletivo que mais cresce no Brasil, pela característica multirracial de nosso povo e pela habilidade para esportes de luta e jogos com bola, somado ao trabalho das categorias de base, com cada vez mais crianças praticando, temos tudo para sermos uma potência. Estou certo de que teremos um avanço acelerado nesse sentido.

Para saber mais sobre os Cursos Extras do Colégio Miguel de Cervantes:
https://www.cmc.com.br/default.asp?PaginaId=995

*Para saber mais sobre o Rugby no Brasil:
http://www.rugbyparatodos.org.br/
http://brasilrugby.com.br/
http://www.irb.com/
http://www.portaldorugby.com.br
http://rugbymania.com.br/