Estudo do meio: Cidades Históricas de Minas Gerais
A memória – transformações e elos de permanência

Por: Tatiana Maria de Paula Silva | 1º de setembro de 2016.

Refletir sobre a memória levando em consideração a presença ou ausência dela nos espaços, apreciar a paisagem e suas mudanças em relação ao tempo, identificar no cerne dos relatos das pessoas a construção da memória coletiva e histórica de cada lugar. Foram inspirados nesses preceitos que os alunos do 1º ano do Ensino Médio se aventuraram pelas ruas das cidades históricas de Minas Gerais, de 31 de maio a 3 de junho.

Por meio do trabalho interdisciplinar envolvendo Arte, Geografia, Língua Portuguesa, História, Química e Educação Física, eles foram apresentados às manifestações e representações de memórias. Através da poesia, arte, artigos e documentos, compartilharam diferentes perspectivas sobre a própria memória.

Para a viagem, os professores sensibilizaram os alunos ao instigar a reflexão acerca da presença, ou ausência, da memória nos espaços que eles iriam visitar, preparando-os para o envolvimento e para a experimentação.

Os alunos visitaram Ouro Preto, Congonhas do Campo, Brumadinho, Mariana e Paracatu de Baixo. Contemplando a beleza da arquitetura preservada de Ouro Preto, considerada patrimônio histórico cultural da humanidade pela Unesco, assim como a das esculturas de Aleijadinho no berço da história da mineração, em Congonhas, e do esplendor em arte e paisagens naturais de Inhotim e de Brumadinho, no roteiro, os alunos se depararam com um paradoxo: a perda da memória concreta nos relatos dos moradores do povoado atingido pelo desastre socioambiental em Mariana, isto é, pelo rompimento da barragem de rejeitos da Samarco. Relatos daqueles que viram desaparecer uma parte de sua história, no lares e ruas destruídas e nas pessoas que faziam parte de suas memórias.


Fotos: Kátia Regina Pupo

Para o aluno Thomas Mujica, a experiência de conhecer a área atingida pelo acidente do rompimento da barragem foi impactante. “Não sabíamos que o estrago havia sido tão grande. Quando chegamos lá e vimos tudo destruído, ficamos tristes e tivemos um outro olhar sobre a situação. Deixamos de ser espectadores e nos sentimos parte daquela situação. Eu acredito que isso nos ajudou a refletir sobre a memória e os sentimentos que nos despertaram essa experiência”, afirma Thomas.

“Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória.”
José Saramago

Diários de viagem e máquinas fotográficas às mãos. Durante os três dias, os alunos registraram suas impressões, sensações e depoimentos colhidos pelo caminho em fotografias, vídeos e áudio.

Ao final, elaboraram, em grupo, um seminário de trabalho autoral livre sobre um recorte das impressões de viagem, que foi realizado por meio dos registros e da discussão da temática de abordagem. Com o desafio de suscitar no público algum tipo de reflexão sobre o tema central “A memória – transformações e elos de permanência”, os alunos puderam eleger o formato de suas apresentações.

Por meio de vídeos, maquetes, intervenções artísticas e leitura de textos, cada grupo finalizou seu trabalho no teatro do Colégio, compartilhando sua visão, interpretação e memória do estudo do meio.

Para Valentina Mastrantonio, o estudo do meio proporcionou experiências diferentes. “Não tenho o hábito de ir a museus em São Paulo, mas lá somos motivados a visitar esses lugares. O museu em Inhotim é um dos mais interessantes que visitei. A arte está diretamente conectada à natureza, o que é muito lindo. Sem dúvida, a experiência que mais me marcou foi a visita a Paracatu de Baixo, porque lá tivemos a verdadeira dimensão do desastre (rompimento da barragem de rejeitos da Samarco) e do quanto isso repercutiu na vida dos moradores daquela região”.

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